The Heart Asks Pleasure First – pelas mãos de Miguel Ayala Botto, professor do Instituto Superior Técnico, a canção de Michael Nyman foi a primeira obra a ser reproduzida no piano vertical que era assim inaugurado no Técnico Innovation Center powered by Fidelidade. Seguir-se-ia Clair de Lune de Claude Debussy, numa interpretação de Duarte Ponce, estudante do Técnico. Estas foram algumas das múltiplas homenagens aos 114 anos de existência da Escola, celebrados ao longo do dia 23 de maio no seio do Dia do Técnico.
“Enquanto que, há 30 anos atrás, exportávamos mão de obra não qualificada, hoje exportamos talento altamente qualificado que é objeto de procura por todas as grandes multinacionais e empresas tecnológicas da Europa e do mundo”. A observação é de Rogério Colaço, presidente da Escola, numa das intervenções que pautaram as celebrações. “Gosto de pensar que o Técnico foi uma parte importante dessa transformação”, afirmou o docente, que defendeu no mesmo discurso o papel contemporâneo do ensino – “o conhecimento, a formação e a cultura permanente de um espírito crítico e cético, como a ciência nos ensina, são instrumentos últimos de soberania, de justiça e de desenvolvimento, mas também de liberdade pessoal e de garantia de um futuro com paz, com liberdade, com prosperidade e com humanidade para nós e para os nossos descendentes”.
Na mesma manhã, celebrara-se a proficiência académica da comunidade com a atribuição dos Diplomas de Excelência Académica a duas centenas de estudantes de licenciatura e mestrado, bem como de Docentes Excelentes a duas centenas de professores. “Recebem [o Diploma] porque são mesmo excelentes”, frisou o presidente do Conselho Pedagógico, Miguel Teixeira. Dado o mote para assinalar o Dia do Técnico, “nada melhor do que hoje estarmos a celebrar o sucesso dos docentes e dos estudantes”, defendeu. Laura Zappavigna, vice-presidente do mesmo Conselho e aluna do Técnico, destacou que “aquilo que verdadeiramente define um aluno do Técnico vai muito para além das notas – no Técnico, excelência também é curiosidade, é sair da sala de aula e brilhar em projetos, laboratórios e competições”.
Os estudantes diplomados de 1.º e 2.º ciclo foram representados por Leonor Gonçalves (para quem “estudar no Técnico foi uma oportunidade de crescer em várias direções”) e Duarte Silva (que destacou as experiências extracurriculares na Escola e o seu valor), respetivamente. Hugo Tavares (“O Técnico é um ótimo sítio onde trabalhar; sinto que tenho boas condições, provavelmente inigualáveis a nível nacional”) e André Furtado (para quem o essencial na docência é “ensinar com paixão e motivar com autenticidade”) foram os galardoados com o Prémio Técnico Excelência no Ensino no 1.º e 2.º ciclo, respetivamente.
A manhã teve ainda um momento para a atribuição da primeira edição do “Prémio José Tribolet para a Inovação Digital no Ensino, powered by Deloitte”, atribuído a Daniel Gonçalves.
Excelência académica e distinção (decoradas com pintura e ao som de música)
Não só de discursos se faz um dia de festa. A tarde iniciou-se com a inauguração da exposição “Arte com Ciência”, de autoria de Leonel Moura, no átrio do Técnico Innovation Center, que conta com ‘robots pintores’ e findou com o lançamento do livro “Ideias sobre Ciência, Tecnologia e Ensino Superior pela Comunidade Do Instituto Superior Técnico: janeiro de 2021 a dezembro 2024”, uma compilação de crónicas de opinião da autoria de membros da comunidade escolar.
A tarde de dia 23 de maio contou também com uma sessão solene onde foram celebrados os contributos dos trabalhadores recém-aposentados e dos que perfizeram 25 anos de serviço, bem como aos membros recém-contratados ou com evolução recente na carreira. Iria Fernandes, funcionária técnica e administrativa, aproveitou a ocasião para partilhar os “46 anos de percurso nesta casa”. É “quase meio século de vida profissional dedicada ao Técnico”, que “nunca foi, para [si], apenas um local de trabalho – foi e continua a ser uma verdadeira escola de vida”.
António Jarmela, presidente da Associação dos Estudantes do Técnico, agregou estudantes, docentes, investigadores e trabalhadores num desejo central – “somos nós, [os membros da comunidade escolar,] os maiores interessados em que o Técnico continue a ser a melhor escola de engenharia, tecnologia e ciência em Portugal”. Prova dessa qualidade são os Diplomas Departamentais de Excelência no Ensino e Sucesso Académico, entregues em mão a cada presidente dos 11 departamentos da Escola.
A cerimónia galardoou ainda dois professores do Técnico com o título de Professor Distinto 2025. Teresa Peña foi premiada em reconhecimento da sua carreira científica na física teórica nuclear, pelos seus contributos para a modernização pedagógica do Técnico e para a gestão académica e científica, assim como pela sua dedicação à divulgação científica e formação avançada, que têm projetado a Escola a nível nacional e internacional. A docente recordou as “quatro mulheres distinguidas em anos anteriores” com o mesmo título, confessando sentir “uma imensa honra” por juntar-se a elas.
José Santos-Victor, por sua vez, foi galardoado pelas contribuições para a liderança científica e para a formação avançada nas áreas da visão computacional e da robótica de inspiração biológica, assim como para a gestão universitária no Técnico, que projetaram e deram visibilidade nacional e internacional à instituição. O professor destacou a presença de uma “cultura forte” na Escola, que considera ser essencial à implementação de uma estratégia em qualquer organização.
Parte dessa cultura forte do Técnico são os seus Valores Orientadores – integridade, respeito, inovação, colaboração e excelência –, recordados pela provedora da Escola, Raquel Aires Barros, numa intervenção onde assinalou o Programa de Embaixadores e Embaixadoras dos Valores do Técnico. “Com este programa”, recordou a docente, “pretende-se inspirar e capacitar um conjunto de pessoas da comunidade, os Embaixadores dos Valores”, para “darem vida” a essas qualidades no seio da atividade académica.
Para o reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, este foi “mais um ano de serviço à sociedade” e “mais um ano em que a comunidade” da Escola “se empenhou com dedicação para, em conjunto, superar os desafios e as muitas dificuldades que é sempre necessário ultrapassar”. Falando num “ritual carregado de simbolismo”, numa “data importante” e “celebrada com orgulho”, o reitor considera que, “com 114 anos de existência, o Técnico é uma escola de referência nacional e europeia na área da engenharia”, tendo também sublinhado o papel dos centros de investigação e laboratórios associados nesse sucesso. Tal como muitos outros intervenientes ao longo desse dia, Luís Ferreira terminou o seu discurso ecoando a mensagem que trouxera todos aqueles espectadores ali – dando os parabéns ao Técnico.
Foi ao som dessa canção de parabéns (com a ajuda do Grupo de Cantares Tradicionais, da Tuna Mista, da Tuna Feminina e da Tuna Universitária do Técnico) que, enquanto eram fatiados os dois grandes bolos de aniversário (e já sopradas as velas), se fechou o 114.º ano de existência da maior escola de arquitetura, engenharia, ciência e tecnologia do país. A celebração, contudo, não se extinguiria aí, pois o Salão Nobre do campus Alameda acolheria ainda a Gala Técnico Alumni 2025 onde seriam entregues os prémios Técnico Alumni.