De 10 a 16 de outubro, o Técnico marcou, mais uma vez, a sua presença naquele que é considerado o maior festival de ciência e tecnologia do país, o FIC.A (Festival Internacional de Ciência). Contou com a participação de vários professores, investigadores, núcleos de estudantes e bolseiros que partilharam com os visitantes os seus projetos e conhecimentos.
O relógio marcava as 9 horas e 47 minutos. O espaço do Instituto Superior Técnico estava pronto, a dia 10 de outubro e, junto a ele, uma equipa ansiosa para passar os 6 dias seguintes a partilhar conhecimento e a alimentar a curiosidade de todos aqueles que por ali passassem.
Nesse dia, reuniram-se entidades académicas, científicas, tecnológicas, diplomáticas, governamentais e não-governamentais, vindas de todos os cantos do país para dar início à 2ª Edição do FIC.A, no Hub-Act em Oeiras.
Com a promessa de atrair públicos diversificados, desde turmas de pré-primária até turmas de secundário, a irmãos, netos, pais, avós, tios e amigos, o Técnico contou com a colaboração de diversos centros de investigação, núcleos de estudantes e bolseiros empenhados na missão de mostrar a todos a Ciência e a Tecnologia desenvolvidas nesta instituição.
Atividades do Técnico cativaram o interesse dos alunos
Eram 10h20 quando o Técnico iniciou as suas atividades com a companhia dos mais pequenos e, por sua vez, com o seu entusiasmo e energia inigualável. “Eles não se cansam. Mesmo quando há falhas, voltam atrás e começam outra vez”, conta Maria José Ferreira, investigadora do INESC-ID e ITI, acerca da aplicação que desenvolveu em que as crianças exploram a biodiversidade de diversos locais com a ajuda de uma assistente robótica virtual.
No segundo dia recebemos estudantes do 1º ciclo com atividades de soldadura do projeto ROB9-16 com participação do N3E (Núcleo Estudantes de Engenharia Electrónica). Os participantes puderam colocar “as mãos na massa”, soldando a sua própria placa e criando o seu próprio circuito elétrico. Esta atividade também se caracteriza por motivar as raparigas para as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, sendo essa a origem do nome da placa utilizada na atividade: “Girl STEM”. “A participação de raparigas nas áreas de STEM é globalmente muito baixa e esta atividade prática, que termina com a iluminação de uma lâmpada de LED, permite que as raparigas ganhem autoconfiança em desenvolver projetos executados por elas próprias”, explica Luís Costa, investigador do INESC-ID e membro do ROB9-16.
Para além desta atividade, o INESC-ID dinamizou atividades conjugando a computação e biologia, enquanto o CEG-IST desafiou os modos de pensar de todos os participantes com construções de tangram, processos de compostagem e gestão de cadeias de abastecimento para fabricar, por exemplo, uma tablete de chocolate. Com a chegada da montra de jogos do GAMEDEV e do Laboratório de Jogos ao espaço do Técnico, os participantes também tiveram a oportunidade de “ficar colados ao ecrã” e explorar os jogos criados e desenvolvidos pelos estudantes do Técnico.
Protótipos imponentes marcam a sua presença
Na quinta-feira, algumas demonstrações começaram também a marcar presença no espaço do Técnico, chamando a atenção dos estudantes do 3º ciclo. Começando pelo projeto totalmente construído pelo Núcleo de estudantes PSEM (Projeto de Sustentabilidade Energética Móvel), este carro elétrico nomeado de JP-21 suscitou curiosidade devido ao seu diferente formato, surgindo perguntas como: “Isso anda mesmo? Cabe alguém aí dentro?”, às quais os estudantes respondem que “Sim” e “Sim”. Na verdade, “este carro teve os melhores resultados até à data”, confessam. Ainda para mais, os membros do PSEM admitem estar confiantes de que, para o ano, após alguns ajustes ao carro presente, poderão ganhar a competição internacional integrada no “The Greenpower Challendge”, afirmando mesmo: “Já fizemos as contas e bate tudo certo”.
O carro pequeno e hidrodinâmico foi apenas uma das primeiras demonstrações que cativou, quase de imediato, o interesse dos alunos. Contudo, a observação de raios cósmicos naturais não ficou atrás na admiração, sendo o envolvimento dos estudantes marcado pelo mar de perguntas dirigidas aos investigadores do LIP, Laboratório de Instrumentação e Partículas.
Foi ainda neste dia que o Técnico expandiu a sua presença no FIC.A através da palestra de Tiago Fernandes, professor no Departamento de Bioengenharia e investigador do Instituto de Bioengenharia e Biociências, acerca de Medicina Regenerativa e Bioengenharia de Células Estaminais, em que realçou os desafios e as oportunidades que rodeiam esta área. O Técnico continuou a marcar a sua presença no dia seguinte através da palestra de Hugo Silva, professor do Departamento de Bioengenharia e investigador do Instituto de Telecomunicações, IT, que se debruçou na recolha de eletrocardiogramas através de biossinais implementados em materiais do quotidiano, desde comandos de jogos (avaliando as respostas corporais ao mesmo) a volantes (permitindo avaliar a fadiga dos condutores). Esta temática continuou a ser debatida, fora das palestras, nas demonstrações da Scientisst, grupo co-fundado por Hugo Silva, que partilhou alguns projetos de engenharia biomédica, como: a deteção de crises epilépticas através de vídeo, deteção de emoções através de ventosas colocadas na mão, entre outros.
A sexta-feira destacou-se não só pela palestra de Hugo Silva, como também pela chegada de outros protótipos dos núcleos de estudantes do Técnico, imponentes e impossíveis de ignorar. O primeiro a chegar foi o TLMOTO que trouxe com ele uma mota elétrica capaz de chegar aos 150 km/h. “Antes de construir a mota, procedemos a imensas simulações para ver qual o melhor formato, qual é o material a utilizar, entre outras coisas. Depois de simular, vamos ter de construir, testar, etc. E fazemos tudo isto em loop, assim que acabamos uma começamos outra”, explicaram os membros do TLMOTO aos estudantes do secundário curiosos.
Aproveitando todo este entusiasmo, os guias do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAPE) disponibilizaram-se, com a sua simpatia contagiante, para dar a conhecer todos os cursos do Técnico, especialmente aos mais fascinados e determinados em aceitar o desafio que irá exigir muita dedicação e esforço para pertencer a esta comunidade.
Durante o fim-de-semana o átrio e os corredores foram preenchidos por famílias e pessoas de todas idades ao invés de escolas e professores. Nestes dias, contámos com uns especiais protagonistas. Um consegue jogar futebol, outro é especializado na interação com pessoas e o terceiro tem duas rodas robustas e é capaz de ir buscar materiais a certas distâncias. Os protagonistas do fim-de-semana são, na verdade, robôs vindos do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR). “Muita gente vem diretamente ver o Darwin”, contou Bárbara Teixeira, responsável pela comunicação do ISR-Lisboa, referindo-se ao robô que é capaz de jogar futebol. Este “é capaz de identificar a bola e ir até ela”, o que causa um enorme espanto às pessoas ao seu redor. No mesmo dia, contámos com a presença dos alunos da AeroTÉC que deram a conhecer um avião que tem como objetivo detetar incêndios em florestas através de algoritmos de visão.
Mesmo ao lado, e dando igualmente nas vistas, encontrava-se o carro de Fórmula 1 do Núcleo FST (Formula Student Team) e o barco movido por energia solar, São Rafael 03. Mafalda Morado, líder do Técnico Solar Boat, contou um pouco acerca do protótipo São Rafael: “Nós fazemos por construir a maior parte dos componentes que temos, (…) até ao mais pequeno componente, como os nossos painéis solares. Assim acreditamos que conseguimos aprender o máximo (…) e torna-se muito mais desafiante”. E, por mais espetacular que seja este protótipo, o grupo não para por aqui. De momento, encontram-se a trabalhar em dois novos projetos: um barco que culmina as tecnologias que já desenvolveram para a sua movimentação (hidrogénio e energia solar) e um barco autónomo, isto é, sem piloto, pelo que terá de se desviar dos objetos autonomamente.
Quando confrontados com a questão da importância de participar em grupos de trabalho deste género sendo estudantes, os diferentes membros convergiram para o mesmo ponto: que é difícil mas vale a pena. Estes projetos desafiam-os e fornecem-lhes conhecimentos, que de outra maneira não iriam conseguir. É isto que aqueles que passam pelo espaço do Técnico levam para casa: as memórias do reflexo do empenho dos estudantes, das mais variadas engenharias, nos mais variados projetos. Em muitos deles, o fruto do trabalho é capaz de se tornar uma demonstração com alto nível de complexidade, acabando por mover centenas de pessoas.