O que têm em comum o crescimento de uma cultura de bactérias, o alastrar de uma nódoa de café e a forma como o gelo se acumula numa superfície durante a ocorrência de granizo? Todos são fenómenos descritos através de modelos que resultam de leis matemáticas.
Foi com estes e outros exemplos – incluindo o estudo da evolução de tumores – que Patrícia Gonçalves descreveu o papel da matemática em diferentes áreas da engenharia durante a oitava MasterTalk do Instituto Superior Técnico. Durante a tarde de 11 de abril, a audiência que ocupava o Centro de Congressos do Pavilhão de Civil ficou a saber mais sobre a oferta formativa disponibilizada pelo Departamento de Matemática, descobrindo muitas das ferramentas que este campo traz a quem se dedica à engenharia.
“Vejo na matemática uma vantagem relativamente a outras ciências – a precisão, o rigor”, aponta Patrícia Gonçalves no fim da palestra, assinalando estas características como “muito importantes”. “Aquilo que os matemáticos fazem é ‘varrer’ o resultado e verificar que não há falhas”, explica a docente – “se está certo, está certo”. Quanto ao que a fez dedicar-se à matemática, a justificação de Patrícia Gonçalves é dada de forma convicta. “Tentamos modelar o mundo como o vemos – ‘o que é que se interseta? O que é que tenho de fixar? Quais são os meus parâmetros aqui?’. Os nossos objetos são fórmulas que obedecem a regras, a teoremas, que depois nos permitem chegar a resultados, e acho isso espetacular”.
Tiago Moreira, que conclui atualmente o terceiro ano da Licenciatura em Matemática Aplicada e Computação, conta que “já conhecia a professora” por causa do seu curso e que “quis saber mais sobre o seu trabalho”. “Já estou algo decidido com o que quero fazer. Tenho interesse na área da geometria, mas também gosto muito de análise funcional e de fórmulas”, explica o aluno.
Após a MasterTalk, Tiago comentou que apreciou “a vertente pedagógica e a oportunidade de sentir que os professores também são humanos” que o evento lhe deu, considerando que “estas iniciativas são bastante boas para contactar com isso”. Desde o ensino secundário que diz querer seguir matemática ‘pura’. Durante a pesquisa de cursos de licenciatura, o Técnico surgiu como a opção certa pela “variedade de cadeiras e tópicos abordados”. Resume o seu trajeto na Escola como “desafiante, mas também enriquecedor”. “Acho que é esse justamente desafio que nos enriquece, não só em termos de conhecimento como em termos pessoais”, conclui.
Francisco Carrapa estuda engenharia informática noutra instituição. Dividido entre a paixão pela música e pelas ciências, confessa ter dúvidas sobre aquilo que fará no próximo ano. Veio à MasterTalk na companhia de um amigo que frequenta a Licenciatura em Engenharia Mecânica do Técnico. Sobre a Escola, considera que “é provavelmente a faculdade de engenharia mais conceituada em Portugal”. “Sinto que as pessoas saem daqui mais bem-preparadas”, explica.
O Mestrado em Matemática Aplicada e Computação, o Mestrado em Engenharia e Ciência de Dados e o Mestrado em Segurança de Informação e Direito no Ciberespaço (em parceria com a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e a Escola Naval) perfazem a oferta formativa que o Departamento de Matemática do Técnico propõe ao nível do 2.º ciclo.
A próxima MasterTalk, conduzida por Leonardo Azevedo do Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos, sucederá a 21 de maio.